sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre Baby-led Weaning - Um processo de confiança

Pelo que percebo quando falamos de BLW com as mães, ou ainda durante o início da prática, muitas questões que são levantadas envolvem medo e falta de confiança: o bebê vai engasgar? Pode engolir um pedaço inteiro? Pode não comer a variedade necessária para o seu desenvolvimento? E uma infinidade de dúvidas...
A meu ver para confiar no BLW é necessário primeiramente conhecer o método e qual é o seu propósito.

Joaquim e seu primeiro milho verde

O ser humano é dotado de instintos como todos os animais. No entanto, somos (aparentemente) o único animal racional. E instinto, definitivamente, não combina com a racionalidade que tanto pregamos. Assim como acontece no parto, na amamentação, com a alimentação muitas vezes é necessário priorizar o saber do corpo. Obviamente, é preciso se informar, se cercar das melhores alternativas e, durante o processo: se deixar levar.
Quando nasce um bebê, nasce também um ser humano onde os instintos ainda não foram podados pela racionalidade... ele nasce com o aprendizado que deve ter para a sobrevivência. Nisso se enquadra a sucção para amamentação e conforto emocional, o reflexo de moro (aquele susto que os bebês têm e procuram se agarrar a algo - sua mãe) para evitar a solidão e o abandono, o choro, o reflexo de fechar as vias aéreas em meio aquático, entre muitos outros. Para os instintos há duas opções: seu desenvolvimento ou seu esquecimento.

Como qualquer outro instinto e como algo necessário para a sua sobrevivência, os seres humanos nascem sabendo como se alimentar. Os bebês desenvolvem a habilidade de pegar as coisas e levá-las até a boca como forma de conhecer texturas, tamanhos e sabores. E isso não ocorre aleatoriamente, ou seja, sem propósito algum. Como um conhecimento pré-adquirido, alimentar-se necessita  ser desenvolvido, e esse instinto tende a se mostrar cada vez mais presente entre os 4 e 6 meses de vida do bebê.
Ao receber comida cujas texturas, sabores e tamanhos foram desconfigurados pelo processamento (amassar, bater, misturar, transformar em "papa") o desenvolvimento do bebê em relação a própria alimentação sofre um tipo de bloqueio ou poda. Lembre-se: o instinto não desenvolvido caminha rumo ao esquecimento.
Pois bem, o que quero dizer é que para o BLW dar certo precisamos confiar no seu propósito e no bebê.
No BLW os bebês conhecem as texturas, formas, tamanhos e sabores antes da deglutição, e isso trabalha seu cérebro e seu desenvolvimento motor para lidar com aquele alimento. Assim o bebê aprende primeiro a levar o alimento até a boca, a manuseá-lo com a língua, gengiva e dentes (se já os tiver) como forma de aprendizado. Aprende a amolecer, raspar ou triturar o alimento antes da deglutição (o que não ocorre nas papinhas processadas onde o bebê aprende a deglutir sem esses processos anteriores - o que agrava o risco de engasgos).
No BLW os bebês conhecem a ampla variedade de alimentos em seus sabores, formatos e texturas originais, sem enganação ou sobreposição de sabores. E como o desenvolvimento do paladar ocorre prioritariamente na primeira infância, você já pode imaginar a riqueza que é para uma criança conhecer a textura rígida e o sabor adocicado de uma cenoura bem alaranjada, e compará-la com a maciez e desprendimento de um brócolis bem verdinho e seus sabores característicos! Conhecer os alimentos e sua variedade separadamente e aos poucos colocar essas especificidades em refeições e em receitas compartilhada com a própria família faz com que o cardápio do bebê se desdobre em um maravilhoso leque de opções e sabores.
No BLW o bebê compartilha do momento da refeição em família como um momento de saborear as delícias que nos alimentam e nos nutrem, e ainda se sentirem parte de um todo. O sentimento de pertencimento em se sentar a mesa com seus iguais e compartilhar do mesmo alimento faz com que a família adote hábitos mais saudáveis e que o bebê se sinta seguro e pertencido àquela tribo. Aprendizado cognitivo e emocional imensuráveis!
No BLW o bebê lidera sua alimentação, experimentando novos sabores no seu ritmo, na quantidade que seu corpo pede e necessita. Como curiosidade, há relatos de bebês alérgicos que recusaram ou nunca experimentaram os alimentos alergênicos por contra própria (instinto!). Além disso nosso corpo sabe o que pedir para suprir as necessidades físicas do organismo: a necessidade de ferro, vitamina C e potássio por exemplo, pode se manifestar na preferência do bebê por carnes vermelhas e alimentos verde-escuros para a carência de ferro, banana e sal para a necessidade e absorção de potássio assim como, alimentos cítricos para a absorção do ferro e necessidade de vitamina C. É a inteligência corporal se manifestando na sua forma mais pura.

Banana na introdução alimentar

A sigla baby-led weaning significa desmame liderado pelo bebê. É preconizado pela Organização Mundial de Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria que o principal alimento até 1 ano de idade é o leite materno. Dessa forma, no BLW não há pressa, imposições, barganhas e nem ansiedade. O que existe é a assistência informada do desenvolvimento do bebê quanto a sua própria alimentação. No ritmo e no tempo dele. O alimento deve ser festejado, nunca imposto. Deve ser sentido e apreciado, não simplesmente deglutido. Deve ser o elo de união entre amigos e famílias e nunca fonte de discórdia e stress. 

Neste primeiro post sobre o tema o único intuito é o de ajudar as pessoas a conhecerem o propósito do método e se sentirem confiantes para seguir  em frente. Espero logo voltar com mais posts práticos sobre o BLW para vocês!


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Boas vindas!

Escrever sempre foi algo presente na minha vida. Escrever em blogs foi algo cotidiano desde o início da minha adolescência. Ao engravidar, fui parando as postagens, e me dedicando à uma nova vida que precisava ser vivida intensamente. Nesse tempo não encontrei tempo, disposição e nem vontade para a blogosfera, apesar de me manter ativa nas redes sociais.
No entanto esse aprendizado acumulado chegou no momento de precisar ser dividido, compartilhado, discutido de forma mais aberta e mais profunda que as redes sociais não permitem
Então, espero dar início hoje a este espaço destinado aos meus aprendizados, pareceres e opiniões sobre gestação, parto, maternagem, alimentação e o que mais tiver a ver com a criação dos nossos pequenos e a um melhor estilo de vida familiar.

 Vamos lá!

:)